segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

DEMOCRACIA E CAPITALISMO


Manoel Gomes, Professor de Sociologia



Se começássemos a dizer claramente que a democracia é uma piada, um engano, uma fachada, uma falácia e uma mentira, talvez pudéssemos nos entender melhor.

José Saramago, escritor português.



Estamos diante de duas doutrinas responsáveis pelo avanço rápido e extravagante da mundialização, ou visto pelo conceito mais atual, a globalização. Essas duas doutrinas provocam muita confusão no pensamento do homem moderno, principalmente, naqueles com baixo grau de instrução. Democracia vem de origem grega: _ “governo do povo, pelo povo e para o povo”. E “todo o poder emana do povo”. O capitalismo acredita-se que ele tenha nascido com o advento do mercantilismo. Mas é um conceito do novíssimo dicionário do século XIX, principalmente, das idéias revolucionárias do filósofo alemão Karl Marx, que sempre o combateu com pensamento de igualdade social.

A Democracia defendida pelos gregos é um sistema político de decisão popular, onde busca hegemonia popular, mas não prega a igualdade social, pois na Grécia Antiga, na sua hierarquia de comando o povo em sua maioria não tinha voz na decisão final para formação do governo.

A doutrina do capitalismo é categórica, para ela existir o elemento a ser explorado é mão-de-obra humana. Marx desenvolveu teorias de composição para conduzir, homem e capital num nível de igualdade, mas não conseguiu ir além da explicação da relação empregado versus, empregador, com a mais valia. Mas não desenvolveu a tese de como pudesse ser empregada uma evolução condescendente com o empregado nesse sistema de relação democrático-capitalista.

Na democracia o homem fica livre para decidir seus compromissos, e esse, ele só cumpre quando lhe interessa, isto é, por satisfação pessoal, ou para auferir benefícios. A teoria de que todos têm direitos e deveres iguais e que são iguais num país democrático e capitalista, no mundo moderno, está no discurso do opressor. Por que e como podemos ver essas duas doutrinas que dão liberdade ao povo. E logo a liberdade que torna a igualdade impossível.

No mundo contemporâneo, esse entendimento é valido para aquele que tem o discernimento das suas capacidades, aquele que desenvolve, cria e habilita produtos. Este é por natureza um conquistador de interesses, também é um daqueles que adquirem direitos e quando adquirem direitos, seus deveres são adquiridos na mesma proporção, mas como a teoria democrática, os deveres ele cumpre, mas, só àqueles que, por ventura venham lhe atrapalhar, os que são favoráveis a outrem, ele ignora.
Nesse mundo novo, quem não tem a capacidade de discernimento; com certeza não vai adquirir muito na vida; este sofrerá o estigma de que é um para nada. O homem não produtor é produto, manipulado pela sociedade, pela situação da natureza e pela política. O homem com o conceito de sem futuro entra naquele grupo conceituado pelo dramaturgo alemão Bertold Brecht, o analfabeto político. As teorias são analisáveis e discutidas, mas as conseqüências do comportamento de um homem acomodado com a situação estabelecida pelo sistema democrático-capitalista do mundo atual são discutíveis.

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