Manoel Gomes,
Professor de Sociologia
Se
começássemos a dizer claramente que a democracia é uma piada, um engano, uma
fachada, uma falácia e uma mentira, talvez pudéssemos nos entender melhor.
José Saramago,
escritor português.
Estamos diante de duas doutrinas responsáveis pelo avanço
rápido e extravagante da mundialização, ou visto pelo conceito mais
atual, a globalização. Essas duas doutrinas provocam muita confusão no
pensamento do homem moderno, principalmente, naqueles com baixo grau de
instrução. Democracia vem de origem grega: _ “governo do povo, pelo
povo e para o povo”. E “todo o poder emana do povo”. O capitalismo
acredita-se que ele tenha nascido com o advento do mercantilismo. Mas é
um conceito do novíssimo dicionário do século XIX, principalmente, das idéias
revolucionárias do filósofo alemão Karl Marx, que sempre o combateu com
pensamento de igualdade social.
A Democracia defendida pelos gregos é um sistema
político de decisão popular, onde busca hegemonia popular, mas não prega a
igualdade social, pois na Grécia Antiga, na sua hierarquia de comando o povo em
sua maioria não tinha voz na decisão final para formação do governo.
A doutrina do capitalismo é categórica, para ela
existir o elemento a ser explorado é mão-de-obra humana. Marx desenvolveu
teorias de composição para conduzir, homem e capital num nível de igualdade,
mas não conseguiu ir além da explicação da relação empregado versus,
empregador, com a mais valia. Mas não desenvolveu a tese de como
pudesse ser empregada uma evolução condescendente com o empregado nesse sistema
de relação democrático-capitalista.
Na democracia o homem fica livre para decidir seus
compromissos, e esse, ele só cumpre quando lhe interessa, isto é, por satisfação
pessoal, ou para auferir benefícios. A teoria de que todos têm direitos e
deveres iguais e que são iguais num país democrático e capitalista, no mundo
moderno, está no discurso do opressor. Por que e como podemos ver essas duas
doutrinas que dão liberdade ao povo. E logo a liberdade que torna a igualdade
impossível.
No mundo contemporâneo, esse entendimento é valido para
aquele que tem o discernimento das suas capacidades, aquele que desenvolve,
cria e habilita produtos. Este é por natureza um conquistador de interesses,
também é um daqueles que adquirem direitos e quando adquirem direitos, seus
deveres são adquiridos na mesma proporção, mas como a teoria democrática, os
deveres ele cumpre, mas, só àqueles que, por ventura venham lhe atrapalhar, os
que são favoráveis a outrem, ele ignora.
Nesse mundo novo, quem não
tem a capacidade de discernimento; com certeza não vai adquirir muito na vida;
este sofrerá o estigma de que é um para nada. O homem não produtor é
produto, manipulado pela sociedade, pela situação da natureza e pela política.
O homem com o conceito de sem futuro entra naquele grupo conceituado
pelo dramaturgo alemão Bertold Brecht, o analfabeto político. As teorias
são analisáveis e discutidas, mas as conseqüências do comportamento de um homem
acomodado com a situação estabelecida pelo sistema democrático-capitalista do
mundo atual são discutíveis.
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